“Pretendo falar de um novo tipo de cavaleiro, absolutamente desconhecido nas eras precedentes, que, sem poupar energias, trava uma luta num duplo fronte:

uma luta contra a carne e o sangue, mas também contra os espíritos malignos espalhados nos ares.”

(São Bernardo de Claraval. De Laude Novae Militae ad Milites Templi

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A Estrita Observância

As origens do Rito da Estrita Observância Templária remontam diretamente à profusão que teve, no ambiente francês, o discurso de Andrew Michael Ramsay, o Cavaleiro Ramsay, quando era Grande Orador na França, proferido numa assembleia maçônica em 1737, e que circulou como panfleto nos anos seguintes.

Como sabemos, trata-se do primeiro documento maçônico a atribuir as origens da Ordem ao movimento cruzadístico, afirmando terem sido os cavaleiros cruzados que rumaram à Palestina para a reconquista de Jerusalém, que teriam criado a Maçonaria. Sem lastro documental, a lenda foi bem recebida por aqueles que buscavam, na Ordem, conectar-se a uma tradição cavaleirosa.

Essa é a base a partir da qual, no escocismo, parte dos Altos Graus foram sistematizados, como graus de cavalaria, empreendimento, em parte, de Chevalier de Bonneville, na França.

É por este caminho que o templarismo adentrou à Maçonaria apesar de, no discurso de Ramsay, os Cavaleiros Templários não terem sido propriamente citados. Como guardaram o Reino de Jerusalém e protegeram os peregrinos que chegavam à Terra Santa, as narrativas dos graus de cavalaria, no escocismo, atraíram não poucos maçons interessados em conhecer a Ordem Militar Religiosa.

A narrativa passou a constituir a própria tradição escocesa na Maçonaria, e era apresentada como instrução aos seus quadros. Foi assim que Karl Gotthelf von Hundt, iniciado em 1742, numa Loja em Frankfurt, tomou contato com a lenda.

A lenda informava que, depois da extinção da Ordem do Templo e, sete anos depois, a execução do Grão-Mestre Jacques de Molay, aos 18 de março de 1314, em Paris, teria havido a fuga de cavaleiros sobreviventes para a Escócia, com o propósito de preservar os ensinamentos e tradições templárias.

A escapada, da França até a Escócia, só teria sido possível graças ao disfarce que vestiram, de pedreiros-livres. É desta forma que lograram reorganizar a Ordem, sob a insígnia de Mabeignac.

A lenda produz uma clara bifurcação nos destinos da Ordem. Enquanto na França os Altos Graus do escocismo forem sistematizados como, em parte, graus de cavalaria; em 1754, na Alemanha, era criado o Rito da Estrita Observância, por Karl Gotthelf von Hundt. Seria completado apenas em 1761 e adotado pela Grande Loja Provincial de Hamburgo já em 1765.

O novo rito rapidamente atraiu os maçons alemães desejosos por galgar os seus graus, no sistema que sucedia aos graus simbólicos os títulos de:  Mestre Escocês de Santo André, Noviço, Templário, Cavaleiro Professo e Clérigo Maçon.

Sublinhe-se ainda o fato de que, nesse mesmo século XVIII, no ambiente teuto-austríaco, muitas das ordens iniciáticas que vinham sendo perseguidas encontraram refúgio nas Lojas Maçônicas, adicionando-se ao templarismo uma densa carga também de martinismo, alquimia, repertórios rosacruzeanos e de ordens como os Iluminati da Baviera.

A introdução desses elementos nas práticas rituais do escocismo, na Alemanha, teve como resposta também um movimento que pretendia a restauração dos antigos rituais ingleses, por uma maior pureza do escocismo. O convento de Wilhelmsbad, em 1782, sediou esses esforços que pretendiam superar o Rito da Estrita Observância.

Essa é a origem tanto do Rito Schröder quanto do Rito Escocês Retificado.

 

   Rodrigo Medina Zagni (ESGM)